Vai na Fé não foi a primeira: Globo vetou romance lésbico em novela e quase causou demissão de autor

22/05/2023 às 14h30

Por: Renan Santos
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Globo vetou cena de beijo lésbico em Vai na Fé. (Foto: reprodução/Montagem)

Globo vetou romance lésbico em novela

Atual novela das 19h da Globo, Vai na Fé é mais um sucesso da autora Rosane Svartman no horário, mas vem chamando a atenção por um conflito polêmico entre a equipe criativa do folhetim e os chefes do departamento de dramaturgia do canal.

Acontece que a novela acabou promovendo um romance lésbico entre Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) e a autora chegou a escrever uma cena de beijo entre as duas, mas a direção da emissora acabou vetando a exibição, temendo que isso possa afastar o público mais conservador que acompanha a novela.

Mas essa não é a primeira vez que ocorre um veto desse gênero na Globo. Há 24 anos, Torre de Babel chegou ao fim, mas ainda é lembrada pelo impacto que causou na época. O autor responsável pela trama foi Silvio de Abreu, abordando assuntos polêmicos como drogas, violência e infidelidade conjugal. No entanto, foi o relacionamento entre Leila (interpretada por Silvia Pfeifer) e Rafaela (vivida por Christiane Torloni) que causou maior choque entre o público.

Leila e Rafaela em Torre de Babel. (Foto: reprodução/Globo)

Leila e Rafaela em Torre de Babel. (Foto: reprodução/Globo)

Autor ameaçou pedir demissão após o veto

O romance homoafetivo gerou uma onda de repúdio e protestos, levando o autor a mudar o rumo da história. Abreu originalmente planejou uma explosão no centro comercial, na qual Rafaela perderia a vida e Leila sobreviveria. O objetivo era explorar o preconceito em relação à amizade entre heterossexuais e homossexuais, com Leila (Silvia Pfeifer) se aproximando de Rafaela (Christiane Torloni).

No entanto, rumores de um romance entre Leila e Rafaela falharam e geraram ainda mais indignação. Para evitar uma rejeição ainda maior, Abreu decidiu incluir os personagens não aceitos na explosão. Além de Leila e Rafaela, também perdeu a vida Guilherme (Marcello Antony), o dependente químico.

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O autor ameaçou demitir-se, mas o elenco o convenceu a permanecer, e ele continuou escrevendo a trama. “Eu não pude dar continuidade à história das personagens lésbicas, então decidi fazê-las explodir juntas, pois não queria separá-las”, afirmou Abreu em uma entrevista.

“A trama da explosão no shopping não foi criada para melhorar a audiência, isso é mentira. A história estava perdendo o seu propósito, pois toda vez que cenas com as personagens lésbicas ou cenas de violência eram exibidas, elas eram cortadas”.

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