Banida da teledramaturgia: Novela histórica da Globo com Regina Duarte nunca mais poderá ser exibida
08/03/2024 às 19h37
Novela histórica da Globo estrelada por Regina Duarte que marcou gerações, acabou impossível de ser exibida e motivo abalou o público
Uma novela que mudou a história da Globo, infelizmente, jamais poderá ser exibida novamente pela emissora. Dentro dos destaques, a trama marcou a estreia de Regina Duarte na emissora que a consagrou.
A história das telenovelas do canal pode ser dividida em duas fases: antes de “Véu de Noiva” e depois de “Véu de Noiva”.
Isso porque, em 10 de novembro de 1969, a emissora iniciava a exibição da história de Janete Clair (1925-1983), responsável por apresentar uma narrativa moderna e aposentar os dramalhões rocambolescos da cubana Glória Magadan (1920-2001). No entanto, quem viu, viu; quem não assistiu, jamais poderá ver.
Vale ressaltar que a Globo não foi a pioneira nesse tipo de novela: a primazia coube à Tupi, que exibiu, com grande sucesso, Beto Rockfeller entre 1968 e 1969.
A trama de Bráulio Pedroso (1931-1990), estrelada por Luis Gustavo, é considerada o divisor de águas do gênero no Brasil, com temas atuais e diálogos coloquiais.
LEIA TAMBÉM:
● Rede Globo é proibida de exibir novela por cena polêmica com criança
● Sem trabalho na TV, famoso ator de “O Rei do Gado” morreu em casa de tristeza
● Em uma triste fatalidade, famosa atriz de Chocolate com Pimenta morreu após sofrer parada cardíaca
Desde que estreou, em 1965, a Globo exibiu tramas como “Eu Compro Essa Mulher”, “O Sheik de Agadir”, “A Rainha Louca”, “A Sombra de Rebeca” e “A Última Valsa”. Algumas fizeram sucesso, mas as tramas não eram contemporâneas.
O “Sheik de Agadir” se passava na Arábia Saudita e na França; “A Rainha Louca” se desenvolvia durante as batalhas de Napoleão III (1808-1873); “A Gata de Vison” retratava a Chicago dos anos 1920; e “A Última Valsa” situada na Áustria do século XIX. Assim, os brasileiros não se viam na telinha.
A obra causou estranheza
Daniel Filho acabou levando Janete para a emissora em 1967. Ela ganhou destaque após criar um terremoto que eliminou parte do elenco e salvou Anastácia, a Mulher Sem Destino.
Ficaria na Globo até o final da vida, fazendo, inicialmente, algumas tramas no estilo de Magadan, como “Sangue e Areia”, “Passo dos Ventos” e “Rosa Rebelde”.
Em 1969, após o sucesso de Beto Rockfeller, ela sugeriu a produção de “Véu de Noiva”. O tema da obra causou estranheza. O protagonista masculino seria um piloto de carros de corrida.
José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, relatou em seu livro que protestou:
“Daniel, não dá. Pela primeira vez Magadan estava certa. Automobilismo é coisa para homem e o grande público de novela são as mulheres”, explicou. “Não se assuste. O automobilismo é só pano de fundo. É uma novela romântica, muito romântica”, respondeu o diretor.
Desconfiado, Boni leu a sinopse com mais atenção e se surpreendeu, dando OK para o início das gravações.
“Véu de Noiva”, que originalmente se chamaria “Vende-se um Véu de Noiva”, título utilizado pelo SBT em nova produção do texto.
Em 2009, foi a estreia de Regina Duarte na Globo, vinda da TV Excelsior. Ela acabou contratada para reforçar o elenco e atrair a simpatia dos paulistas.
Não existem imagens da trama
A emissora fez questão de avisar ao público que suas novelas estavam mudando. Em anúncios nos principais jornais e revistas, enfatizou: “Em Véu de Noiva, tudo acontece como na vida real. A novela verdade”.
“Além da modernidade do tema, Véu de Noiva apresentava níveis de produção até então nunca vistos em telenovelas. E tinha a vantagem de ter diálogos coloquiais, mas muito bem elaborados e distantes dos diálogos improvisados do Beto”, destacou Boni em seu livro.
Outras inovações foram a criação de um trilha sonora com músicas especialmente compostas para a novela, com o inédito lançamento de um disco específico, e o encontro de personagens de “Véu de Noiva” e “Verão Vermelho”, outra trama exibida pela emissora na época, escrita por Dias Gomes (1922-1999), marido de Janete Clair.
Glória Magadan acabou deixando a emissora e o caminho acabou aberto para a produção de grandes sucessos que marcaram a história da televisão brasileira, como “Irmãos Coragem”, sucessora de “Véu de Noiva”, e muitas outras.
E sabe por que a novela jamais poderá acabar exibida novamente? Um dos fatos lamentados é que não existem mais imagens de “Véu de Noiva”, a não ser poucas cenas de bastidores.
Ademais, as fitas acabaram se perdendo nos incêndios sofridos pela Globo em 1971 e 1976.
Dessa forma, infelizmente, a novela que revolucionou a trajetória da emissora jamais poderá acabar vista em sua forma original, assim como outras produções clássicas da época.
Contudo, o SBT produziu um remake da novela, que estreava há exatamente 12 anos, em 16 de junho de 2009, intitulada “Vende-se um Véu de Noiva”, estrelado por nomes como Thaís Pacholek.
Assim, a realização de uma nova versão, agora feita pela Globo também é improvável, pelo menos a curto prazo.
Autor(a):
Bruna Alves
Eu sou Bruna Alves, redatora de notícias da televisão e celebridades desde 2016, com passagens em alguns sites da área ao logo desse tempo. No FATOS DA TV, trago notícias com credibilidade e responsabilidade aos leitores, relembrando acontecimentos passados da TV e dos famosos, mas também deixando os leitores atualizados com assuntos da atualidade.