Bruxaria, caos nos bastidores e final improvisado: a novela que enterrou de vez a TV Manchete

21/11/2022 às 20h30

Por: Renan Santos
Imagem PreCarregada
Novela Brida antecipou o fim da TV Manchete. (Foto: Reprodução)

A TV Manchete já foi uma das principais emissoras de TV do Brasil, e muito do sucesso do canal se devia ao seu investimento nas novelas, que chegavam a bater de frente com a Globo, como foi o caso de Pantanal, uma das raras produções que conseguiram derrotar a emissora carioca em pleno horário nobre.

Por ironia, foi justamente um folhetim o responsável por enterrar de vez a emissora, que decretou falência e teve de fechar as portas, em 1999. Esse folhetim foi Brida (1998), novela baseada no livro homônimo de sucesso escrito por Paulo Coelho e lançado em 1990. Na trama, Carolina Kasting interpretava a personagem-título, uma jovem que era perseguida por um bruxo, e com o tempo, se revelava com poderes especiais que também a fizeram se transformar em uma bruxa.

A Manchete investiu pesado na produção, fazendo questão de levar a equipe para gravar as primeiras cenas da novela na Irlanda, assim como ocorre no livro, e com uma proposta arriscada para atrair investidores, que só pagariam os anúncios se a novela atingisse ao menos 5 pontos — a expectativa da emissora era de que a produção registrasse ao menos o dobro disso.

Novela foi um fracasso na TV Manchete

Porém, se desenhou o pior dos cenários para a TV Manchete, pois a novela começou a sofrer para ultrapassar os míseros 2 pontos de audiência. Com as dívidas e a falta de patrocinadores, um verdadeiro caos tomou conta dos bastidores, uma vez que nem a própria equipe do folhetim estava recebendo salários.

Em uma tentativa desesperada de alavancar a audiência, o diretor Walter Avancini chegou a trocar de autor e apelar para cenas eróticas, assim como havia feito em Tocaia Grande, mas isso não surtiu efeito. “Não é exatamente essa a solução que eu gostaria de dar para o problema. Mas é esse o caminho que encontrei dentro das atuais circunstâncias e com os recursos que tenho”, desabafou o diretor.

Veja também

Sem receber salários, a equipe se recusou a continuar gravando e o folhetim, que teria 180 capítulos, acabou tendo apenas 54. O final, aliás, foi bizarro e teve de ser improvisado, com um resumo narrado sob um compacto de imagens já gravadas.

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.