Chacrinha gravou seu último programa mesmo com dias contados

03/06/2023 às 9h00

Por: Lucas Goia
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Chacrinha era um dos maiores comunicadores da Tv brasileira e até hoje ele é lembrado por inúmeras gerações.

O Chacrinha nos deixou no dia 30 de junho de 1988, com 70 anos, após travar uma batalha contra um câncer no pulmão.

Chacrinha (Foto: Reprodução)
Chacrinha (Foto: Reprodução)

Em uma bela celebração, em 3 de julho naquele mesmo ano, a emissora Globo transmitia o derradeiro episódio do Cassino do Chacrinha, uma produção que o icônico apresentador liderava desde sua volta à emissora, em 1982, como um gesto de reconhecimento e homenagem.

Substitutos de Chacrinha

O Velho Guerreiro, apelido dado ao Chacrinha, enfrentou um período desafiador no ano de 1988. Enfermo, ele teve que se afastar de suas responsabilidades, incluindo seu trabalho na emissora Globo.

Inicialmente, Paulo Silvino assumiu seu lugar, liderando o programa por oito semanas. Contudo, ele acabou sendo afastado devido a divergências com a direção. Em seguida, o talentoso humorista João Kleber, que já era um convidado frequente e atuava como jurado, assumiu a posição.

A plateia recebeu com grande alegria o retorno de Chacrinha, que reassumiu o comando da produção no dia 11 de junho.

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“O Velho vai voltar aos poucos. Ele está entusiasmado e com muita vontade de recomeçar. Gravou bem o programa de rádio e, na televisão, como o pique é maior, dividirá os trabalhos com João Kleber. Vai ser uma volta simples, sem muito auê, sem festas, porque o próprio Chacrinha não curte muito isso”, declarou o filho do apresentador e diretor do programa, Leleco Barbosa, ao jornal o Globo de 3 de junho daquele ano.

Porém, a felicidade foi efêmera. O falecimento de Chacrinha entristeceu o Brasil, com uma grande quantidade de artistas e pessoas comuns participando do seu funeral, realizado na sede dos Vereadores do Rio de Janeiro (RJ), seguido pelo sepultamento.

“Em todos os cantos do País, artistas manifestaram pesar pela morte de Abelardo Barbosa, o animador mais carismático da televisão brasileira”, enfatizou o jornal O Globo de 2 de julho

Homenagem

Como última deferência, a Globo decidiu exibir o derradeiro Cassino do Chacrinha, gravado 15 dias antes da morte do apresentador.

“A viúva, Dona Florinda, os filhos Jorge, Leleco e Zé Renato, noras e netos foram unânimes em afirmar que há muito tempo ele não se mostrava com tanto ânimo e boa aparência quanto nesse seu último encontro com os amigos, no seu Cassino do Chacrinha”, destacou o jornal O Globo de 3 de julho.

O apresentador usava um traje que mesclava tons de azul e prata, complementado por um chapéu pontudo que revelava seus cabelos grisalhos e um rastro de batom marcado em sua bochecha. Durante a maior parte do tempo, ele contou com a colaboração de João Kleber, que esteve presente na maioria das cenas.

“Como vinha acontecendo desde que a doença deixou o Velho Guerreiro enfraquecido, o jovem animador recebia candidatos e calouros, tentando imitar o jeito, a voz e os gestos de Chacrinha. De vez em quando, Chacrinha aparecia no vídeo. E dava buzinadas, mexia com o público e sorria tentando, dentro das circunstâncias, continuar a balançar as massas”, descreveu a reportagem.

Chacrinha nos deixou, vítima de infarto do miocárdio e insuficiência respiratória às 23h30 de 30 de junho de 1988.

“Eu não sei dizer, até agora, se o meu pai sabia ou não que tinha um câncer no pulmão. Nós sentimos a sua falta, mas temos de admitir que ele teve uma morte sem qualquer sofrimento”, destacou Leleco.

O Final de Chacrinha

Chacrinha (Foto: Reprodução)
Chacrinha (Foto: Reprodução)

No sábado seguinte, após a ausência de Chacrinha, a Globo transmitiu o Festival da Liberdade, um espetáculo em celebração às sete décadas do renomado Nelson Mandela, líder da África do Sul.

Os rumores da imprensa sugeriram que o programa poderia prosseguir, sendo apresentado por João Kleber e Leleco Barbosa.

Contudo, o influente diretor do canal na época, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, conhecido como Boni, descartou essa possibilidade.

“Levaram um sonoro não do vice-presidente de operação da emissora. Boni considera a ideia completamente fora de propósito”, destacou o Jornal do Brasil de 28 de agosto de 1988.

Era o desfecho incontestável de uma grandiosa narrativa, que teve início nos anos 1960, enfrentou obstáculos ao longo do caminho, mas culminou em um desfecho excepcionalmente positivo.

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