Produzida para salvar a Manchete, novela ajudou emissora a falir e terminou sem final
01/01/2023 às 16h30
A Rede Manchete acreditou que Brida seria a salvação da empresa
A extinta Rede Manchete vivia situação financeira extremamente complicada e, em agosto de 1998, resolveu apostar na novela Brida como sua salvação. O problema é que a trama foi muito mal e decretou a falência da emissora de vez.
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Os autores da obra eram Jayme Camargo, Sônia Mota e Angélica Lopes e o diretor era Walter Avancini. O produto era adaptação do livro Brida, de Paulo Coelho, que foi muito bem-sucedido em suas vendas. Com isto em mente, a emissora achou que seria ótima ideia transformar o produto literário em novela e comprou os direitos da história.
O diretor Walter Avancini deixou claro que as expectativas da emissora com o resultado que a obra iria trazer estavam altíssimas e não se cogitava, em nenhum momento, a possibilidade de a novela dar errado.
Enredo
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A trama contava a história de Brida-moça que descobria fazer parte do universo da bruxaria. A protagonista também foi bruxa em outras encarnações e, desde a Irlanda do século XVII, é perseguida por Vargas (Rubens de Falco)- seu arqui-inimigo há gerações.
Ao longo da narrativa, a personagem principal tinha dúvidas sobre quem ela amava. Os dois pretendentes que geravam indecisão em Brida eram seu namorado Lorens (Leonardo Vieira) e o mago Mariano (Augusto Xavier). A obra literária contava somente com quatro personagens, porém, como se tratava de novela, teve-se que criar personagens e núcleos.
A trama contou com vasto elenco e, dentre os atores presentes, estavam: Othon Bastos, Tânia Alves, Victor Wagner, Carla Regina, Bete Mendes, Fafy Siqueira, Alexia Deschamps, Rosane Gofman, Guilhermina Guinle e Marcos Pasquim.
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Carolina Kasting soube que iria protagonizar Brida apenas uma semana antes de as gravações começarem, visto que, antes de indagarem a atriz sobre o papel, outras três negaram e a emissora só ouviu “sim” de alguma atriz quando se faltavam sete dias para começar o trabalho. As atrizes convidadas foram Christine Fernandes- que recusou devido as cenas de nudez que teria que fazer na trama-, Drica Moraes e Teresa Seiblitz. As três negaram e Carolina que, a princípio seria Inês, assumiu o papel de Brida.
Expectativas criadas e o resultado final
A Manchete, apesar de endividada, resolveu seguir a obra de Paulo à risca e gravar cenas na Irlanda- obtidas através de permutas. A emissora disse ainda aos anunciantes que eles só precisariam pagar pela divulgação de seus produtos se a média fosse superior a cinco pontos no Ibope e, alegaram ainda, que tinha possibilidade de alcançar os 10 pontos.
Para grande decepção da emissora que, como já dito, esperava grande sucesso, a obra teve, em média, dois pontos de audiência e a emissora não recebeu pagamento pelos anúncios realizados nos intervalos, dada a promessa que fez aos anunciantes.
Jayme Camargo foi afastado da obra e substituído por Sônia Mota e Angélica Lopes, com o intuito de fidelizar as telespectadoras mulheres. Além disto, deu-se mais destaque aos atores conhecidos da casa como Victor Wagner, Carla Regina e Alexia Deschamps. Tentou-se também implementar tom de descontração na trama com a alteração de figurinos e cenários.
Os responsáveis pela produção da obra culparam o horário eleitoral gratuito e disseram que a trama teria melhor audiência ao fim da temporada de propagandas. Os concorrentes da novela eram Torre de Babel (Globo), Programa do Ratinho (SBT) e Leão Livre (Record).
A Globo chegou a superar 50 pontos no Ibope, já Brida teve, como recorde, quatro pontos. O elenco não recebia salários então todos pararam de trabalhar e, desta forma, a trama foi encerrada rapidamente- no capítulo 54, para ser mais preciso.
Algo considerado marcante na obra foi seu final, pois este não só não apresentou conclusão, como ainda contava com a locução de Eloy Decarlo nas cenas. No lugar de Brida, a emissora recorreu à reprise da novela mais famosa da casa: Pantanal.
Autor(a):
Hudson William
Redator do Fatos da TV. Especialista em redação sobre benefícios sociais, finanças e direitos do trabalhador. Escrevo sobre notícias há muitos anos com passagens, inclusive, por outros portais como TV Foco. Meu objetivo é informar com precisão e clareza.