Globo arrumou briga com Edir Macedo ao exibir série polêmica com referências ao líder religioso
24/12/2022 às 18h00
A exibição da minissérie Decadência gerou problemas entre Edir Macedo e a Globo
A Globo participou de grande confusão com os evangélicos e, em especial, com a Igreja Universal do Reino de Deus, liderada por Edir Macedo, em “Decadência”. A minissérie de Dias Gomes foi transmitida em 12 capítulos entre 5 e 22 de setembro de 1995.
A obra conta a história de Mariel (Edson Celulari) e mostra como o personagem forma seu rebanho, assim como adquire estações de rádio e televisão no Brasil e no exterior. Além disso, mostrou a contratação do PJ Tavares (Luiz Fernando Guimarães), semelhante ao PC Farias, para atuar como lobista em parceria com os deputados em Brasília.
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A produção provocou o retorno da guerra entre Globo e Record. Antes da obra, o Fantástico já tinha exibido, em agosto de 1995, reportagens que criticavam a petição de dinheiro e o exorcismo.
O Jornal Nacional também exibiu denúncias, incluindo vídeos, de que Edir Macedo ensinava os pastores da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) como conduzir os fiéis a realizarem ofertas e dízimos durante os cultos.
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Um dia antes da estreia de Decadência, o programa 25ª Hora debateu o papel das Organizações Globo na sociedade.
Ademais, a Folha Universal, jornal da IURD, passou a atacar o canal carioca em suas manchetes. “Desmoralização e arbitrariedade no Jornalismo da Globo”, “Desespero: a ‘fantástica’ Globo está em decadência” e “Globo admite: Universal é a igreja que mais cresce” constam como exemplos.
Semelhança com Edir Macedo
“Há diversas semelhanças entre o pastor fictício Mariel Batista e o bispo da Universal. Ambos usam cabelo gomalinado, possuem emissoras de rádio e se tomam milionários. Nos cultos mostrados em Decadência, como nos da Universal, há sessões de exorcismo e se fala de Satanás com bastante intimidade”, pontuou a revista Veja na época.
“Assim como já aconteceu com o real Edir Macedo, o fictício Mariel também enfrenta um momento de sua vida em que é preso e acusado de charlatanismo e curandeirismo. O que certamente irá irritar os seguidores da Universal é que o personagem de Celulari é um charlatão da cabeça aos sapatos que usa a fé do povo para enriquecer”, disse ainda a matéria de Marcelo Camacho e Edna Dantas.
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A Record chegou a pensar em produzir minissérie a respeito de história bem semelhante com a de Roberto Marinho (1904-2003). O autor seria Romero da Costa Machado.
“Será a história de um jornalista medíocre que herda um jornal falido do pai, faz um pacto com a ditadura, funda uma emissora de TV e enriquece loucamente”, afirmou Romero. Eduardo Lafon, diretor de programação da Record na época, confirmou que a produção, que nunca saiu, era parte no planejamento da rede de televisão.
No intuito de acalmar o caso, a Central Globo de Produção e a vice-presidência de Operações do canal optaram pela inclusão na abertura da minissérie um texto que dizia ser “imprescindível renovar seu respeito a todas as religiões”.
Autor(a):
Hudson William
Redator do Fatos da TV. Especialista em redação sobre benefícios sociais, finanças e direitos do trabalhador. Escrevo sobre notícias há muitos anos com passagens, inclusive, por outros portais como TV Foco. Meu objetivo é informar com precisão e clareza.