Novela da Globo teve chance de ser barrada por ser apimentada demais para horário

31/12/2022 às 11h30

Por: Hudson William
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A novela Chocolate com Pimenta causou confusão para autor (Foto: Renato Rocha Miranda/Globo)

Chocolate com Pimenta foi considerada muito sexual para o horário

No ano de 2003, a Globo teve de conversar com o Ministério da Justiça. O motivo é que o órgão considerou a então próxima novela das 18h que a emissora carioca pretendia exibir – Chocolate com Pimenta – tinha conotação sexual excessiva para o horário.

A Globo fez adaptações, porém, quando faltava exatamente 1 mês para iniciar a novela, a rede de televisão foi proibida de colocar a obra antes das 20h, devido ao Ministério ter reclassificado a novela como inadequada para menores de 12 anos por “desvirtuamento moderado de valores éticos e conflitos psicológicos atenuados”.

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Em abril do ano de estreia, a obra foi categorizada como livre para todos os públicos, porém Walcyr Carrasco fez modificações no roteiro – que tem que ser aprovado pelas autoridades do Estado- e a nova sinopse gerou este rebuliço. A Globo disse que iria recorrer.

A história da trama

O enredo conta a trajetória da protagonista Ana Francisca. A moça era de família pobre, porém se apaixonou por Danilo, um rapaz abastado. O romance dos dois era sabotado pela família do rapaz que, por motivos sociais, era contra a relação de ambos. O que Danilo não sabia é que Ana Francisca esperava um filho seu.

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Na sinopse aceita, a moça se casaria com o rico – e já idoso – Ludovico que era o dono de uma grande fábrica de chocolate. Após o falecimento do marido, ela herdaria sua fortuna e voltaria, ao lado de um noivo, à cidade onde todo o entrevero havia acontecido com sede de vingança. A alteração feita na sinopse não aceita é que Ana Francisca voltava à cidade sozinha.

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Em declaração ao Globo sobre a situação, Carrasco disse: “Não entendo. A personagem ficou mais romântica e ingênua”. O que incomodou profundamente a emissora da capital fluminense é que os chamados “programas sensacionalistas” de diversas emissoras tinham classificação livre.

Poucos dias depois, a Folha de São Paulo disse que a obra foi liberada para passar no horário das 18h. O motivo apresentado pelo veículo foi que a liberação se deu “porque a emissora esclareceu que a concepção da obra não enseja qualquer prejuízo ao horário livre”.

Atriz Priscila Fantin teve destaque em Chocolate com Pimenta (Foto: Divulgação)
Atriz Priscila Fantin teve destaque em Chocolate com Pimenta (Foto: Divulgação)

Esclarecimento e sucesso

Com poucos dias de sobra para a estreia, o jornal O Globo exibiu declaração de Marina Oliveira que, à época, era assessora de comunicação da Secretaria Nacional de Justiça. Marina esclareceu que o problema que a sinopse anterior enviada- e não aprovada- era “mais apimentada”.

Na última versão enviada e aprovada, o perfil da personagem tornou-se mais adequado ao horário. “Nesses casos, que são muito comuns, Marina diz que o Ministério da Justiça busca sempre o diálogo com a emissora”, relatou a matéria.

“A novela tomou outro rumo. Na hora que comecei a escrever, os personagens ganharam seus contornos”, disse Walcyr ao O Estado de S. Paulo. As alterações consistiram na introdução de Sebastian, descrito pelo autor como “vigarista que chega na cidade para conquistar a Ana Francisca”.

“A Olga ia ser muito mais ingênua, mas a Priscila deu uma carga de antagonista, que o personagem acabou ganhando uma pimenta na interpretação. Ela não mudou nada do texto, mas o seu jeito deu outra cara para o papel”, finalizou Walcyr sobre a vilã da trama que recebeu vida por meio da atuação de Priscila Fantin.

No fim, Chocolate com Pimenta foi grande sucesso, tanto que, dentre as novelas da faixa dos anos 2000, sua audiência foi superada apenas por Alma Gêmea (do mesmo autor).

Redator do Fatos da TV. Especialista em redação sobre benefícios sociais, finanças e direitos do trabalhador. Escrevo sobre notícias há muitos anos com passagens, inclusive, por outros portais como TV Foco. Meu objetivo é informar com precisão e clareza.

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