SBT escandalizou ao exibir a morte de um bebê, ao vivo, sofreu represálias e precisou sair do ar
19/12/2022 às 9h34
Morte de bebê ao vivo no SBT escandalizou o público na década de 80
Na década de 80, com pouco mais de um ano de existência o SBT, na época chamado pelo seu nome antigo, de TVS, a emissora exibiu uma tragédia ao vivo na TV. Uma bebê de apenas nove meses de idade morreu no estúdio do programa “O Povo na TV” enquanto a mãe dela implorava por atendimento. O fato, de acordo com o Notícias da TV, escandalizou os telespectadores que assistiam a tudo ao vivo.
O programa em questão foi criado e dirigido por Wilton Franco e apresentado por nomes como Wagner Montes, Christina Rocha, Roberto Jefferson e Sérgio Mallandro. A atração era derivada do “Aqui e Agora”, que estreou na extinta TV Tupi, em 1979, alcançando mais de 20 pontos de audiência.
Na década de 80, a TVS era apenas um canal de Silvio Santos no Rio de Janeiro, e passou a ser exibido pelo SBT a partir de sua entrada no ar, em agosto de 1981.
O programa tinha quatro horas de duração e a sua exibição era ao vivo. O mesmo era conhecido pelo seu tom sensacionalista, e que exibia reclamações do público em geral, denúncias de crimes, como roubo e estupro, atendimento ruim em hospitais, entre outras mazelas da sociedade, que muitas vezes acabavam em confusões generalizadas em pleno palco. Um outro destaque era a reza da “Ave Maria”, que tinha o comando de Wilton Franco e que costumava encerrar a atração
Morte impactante
A situação trágica ocorreu no mês de dezembro de 82, quando Maria Erinalda da Silva foi ao estúdio do programa se queixando da falta de atendimento médico para a sua filha, Danubia, que foi diagnosticada com câncer nos olhos.
Veja também
Famoso da Globo, após morte dolorosa de três filhos, lida com doença incurável da filha: “Pesadelo”
Estrelas da Globo brigaram feio dentro de avião e quase derrubaram aeronave: “Porrada”
Galã da Globo, na reta final de novela, morreu em trágico acidente de carro que deixou Brasil desolado
Uma matéria publicada pela Folha de São Paulo em 16 de dezembro relatou:
“A mãe procurou o apresentador Wilton Franco para dizer que há cinco meses percorria os hospitais, sem conseguir internar a filha. Danubia morreu diante das câmeras, sangrando pelos olhos, a principal característica da doença”,
“A produção do programa negou-se ontem a comentar o fato” – Completou a informação.
Ainda segundo a reportagem, Maria Erinalda chegou na TVS às 11 da manhã, e aguardou a entrada do programa que ia ao ar às 13h. Às 13h40 ela saiu da emissora levando o corpo da filha em uma ambulância, para o Instituto Médico Legal, em entrevista a Folha de São Paulo, o pai da menina relatou: “O Wilton fez o que ninguém fez por minha filha”
Já no dia 17 de dezembro, a Folha de São Paulo chegou a fazer outra publicação mas dessa vez criticando a emissora:
“Estranha concepção de povo essa ostentada pela programação da TVS. Diariamente, O Povo na TV apresenta um desfile das mais variadas manifestações de miséria humana, que faria inveja ao Pátio dos Milagres”
A matéria publicada no jornal continuou com as criticas: “Queixas contra particulares ou autoridades, ao lado de sofrimentos terríveis e injustiças clamorosas, tudo isso amplificado por apresentadores e comparsas especializados em superlativos”
Finalizando, a publicação enfatizou que o fato exibido ultrapassou todos os limites do que seria aceitável moralmente falando:
“A TV excedeu-se ao trazer aos lares, em horário vespertino, a agonia e a morte de um bebê, cuja mãe alegava recusa de atendimento em vários hospitais do Rio de Janeiro. Enquanto produziam a costumeira encenação, a criança morreu. Isto é demais”.
E mesmo com a enxurrada de críticas, “O Povo na TV” continuou na programação do SBT até o ano seguinte, saindo do ar definitivamente após um escândalo envolvendo Roberto Lengruber, curandeiro que participava da atração e foi preso acusado de charlatanismo, principalmente por anunciar algumas “medalhas com poderes mágicos” na atração..
Autor(a):
Lennita Lee
Meu nome é Lennita Lee, tenho 32 anos, nasci e cresci em São Paulo. Viajei Brasil afora, e voltei para essa cidade, afim de recomeçar a minha vida. Sou formada em moda pela instituição "Anhembi Morumbi" e sempre gostei de escrever. Minha maior paixão sempre foi a dramaturgia Também sou viciada em grandes produções latino americanas e mundiais. A arte é o que me move ....